- E ainda há a
questão dos trasgos, senhor engenheiro!
- Trasgos, que
trasgos?!
- Então, dizem
que ainda há trasgos a viver aí pró rio…
- Trasgos, que é
isso, trasgos?!
- Ora, senhor engenheiro,
são trasgos!
O homem olhava
fixamente para o Rui, desarmado perante aquela dificuldade. Então o senhor
engenheiro não haveria de saber o que eram trasgos?! Afinal, com um curso de
universidade, a andar ali pela aldeia já há tantos anos e não sabia o que eram
os trasgos?! Tirou o chapéu, semicerrou os olhos, ajeitou a melena que se lhe
ensopava com o suor, sentiu uma breve aragem a soprar sobre a humidade e a
arrefecer-lhe a testa. Agradável. Voltou a pô-lo e olhou para o rio, lá muito
ao fundo, correndo miúdo entre os pedregulhos, como se não existisse.
Não se ouvia um
ruído de água, só o vento restolhando nas giestas e silvas, numa ou noutra
amendoeira de verde empoeirado que mal sobrevivia naqueles tons torrados de
Agosto. O Rui pousou a mão numa rocha quente, de que se destacaram alguns
p…