Mostrar mensagens com a etiqueta João Seabra. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta João Seabra. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um livro

Há momentos da história de Portugal que se transformam em fontes subterrâneas de actos políticos do futuro. Momentos de fractura. E um desses momentos foi o dia 20 de Abril de 1911, o da promulgação da Lei da Separação do Estado das Igrejas. A perspectiva histórica desse dia tem uma das suas linhas de fuga nitidamente desenhada desde o pombalismo e a expulsão dos Jesuítas em 1759 (que a nós, trasmontanos, nos prejudicou e sem nos ter dado nada em troca) e outra das suas linhas enraizada na extinção das Ordens religiosas feita pelo liberalismo e por D.Pedro IV em 1834 (que a nós, trasmontanos, nos prejudicou mais ainda e sem nos ter dado nada em troca, mais uma vez). E hoje, quando vemos governos com leis que mandam tirar os crucifixos das escolas (pormenor de intenção muito mais funda do que a mera remoção da parede…), assim como as atitudes e discurso de hipocrisia religiosa da nossa nomenklatura e da nossa inteligentzia, tudo isto tem o mesmo hálito de bafio porque bebe a água da mesma fonte subterrânea que esteve na origem da Lei da Separação do Estado das Igrejas de 1911.


“…na Europa de hoje (…) vem-se criando um sistema cada vez mais cerrado de limitações à expressão da fé, sobretudo da fé católica. Das limitações ao culto divino e à vida das comunidades cristãs, das limitações férreas à liberdade de educar, está a chegar-se à proibição de símbolos religiosos em lugares públicos ou a limitações à liberdade de expressão do magistério eclesiástico”.

Uma grande tese de Doutoramento de João Seabra veio dar origem a um grande livro sobre “O ESTADO E A IGREJA EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XX – A Lei da Separação de 1911”. Analisa e esclarece, de uma forma inteligente e lúcida, um dos temas de mais atrito na sociedade portuguesa: o do anticlericalismo, da militância anti-religiosa da classe política e da liberdade religiosa. O conhecimento profundo deste tema é importante não só do ponto de vista da curiosidade histórica (que é o que menos interessa) mas também do da liberdade católica (e este é o que mais interessa).

Não haja ilusões de que na mente de muitos dos nossos políticos de hoje é omnipresente um sentimento anticatólico e uma intenção política permanente de combate à Igreja e aos católicos. Um ludibrioso combate. Ainda hoje há uma “directa intencionalidade anticatólica até na forma como se interpreta a Lei da Separação”.

A liberdade religiosa em Portugal foi suprimida pela Lei da Separação. A luta pela liberdade religiosa em Portugal começou em 1911, quando a Igreja iniciou a resistência à lei.

A opressão da liberdade religiosa é uma opressão contra a liberdade de cada um de nós. Aprendamos a resistir a esta opressão começando por ler – e estudar – este livro que é e será marcante na história da Igreja e da cultura em Portugal.

A apresentação em Lisboa, com mais de meio milhar de pessoas, foi um êxito. Na sessão, Marcelo Rebelo de Sousa. Sem dúvida a sentir-se importante por apresentar um livro destes!