domingo, 9 de novembro de 2008
não há dias iguais
terça-feira, 30 de setembro de 2008
CRISIS ? WHAT CRISIS ? THIS ONE ?
A actual crise financeira que assola o mundo não é apenas mais uma crise do capitalismo financeiro. É a crise do capitalismo financeiro. A que vai fazer com que, por muitos e bons anos, nada vá ficar como dantes.
De facto, os anos de progresso e de riqueza que impregnaram o modo de vida dos países desenvolvidos tornaram cada cidadão um agente dum materialismo triunfante que reduz o êxito e o sucesso à capacidade de cada um gerar lucro. Mesmo os fins científicos das descobertas e as suas aplicações técnicas, até as questões da ecologia e da conservação da natureza, desde há anos que vêm estabelecendo para si uma meta algo equívoca, escondida sob o suave rótulo de “sustentabilidade”: gerar lucro. Como se toda a política, toda a acção humana, tudo o que não gere um certo lucro, seja considerado insustentável pelo homem, relegado para segundo plano, recusado como desnecessário ou impossível.
Onde nos levou isto? A aqui e hoje: a uma crise da e na abundância, a uma crise que não vai deixar nada como dantes. E ainda bem.
Desde há gerações que o materialismo, seja o materialismo dialéctico seja qualquer outro, se tornou no pensamento dominante dos quadros dirigentes. Polvilhado de preocupações sociais, para embrulho (o Jacinto, o nosso da Cidade e as Serras já se dizia socialista, lembram-se?) dos quadros dirigentes em termos políticos, científicos, quaisquer outros. De tal modo que os programas de ensino, os programas de governo, os programas de gestão de empresas, de autarquias, de quase tudo, são programas feitos com essa informação materialista e com a medida da ambição de um dólar ou de um euro.
Mas acontece que o homem necessita de muito mais do que dólares e euros investidos em bens materiais. O homem necessita de respirar muito acima e de aspirar a muito para lá do que sejam as contas de dólares e euros. O homem necessita viver.
Esta crise, com lições a muitos níveis, deve merecer-nos mais do que uma reflexão. Mas uma é já evidente: a de que não basta, aos decisores, serem técnicos e saberem fazer contas. Têm de saber muito mais e de ser muito mais. A começar por saberem ser homens.
Que é que quero dizer com isto? Quero dizer que não basta aos decisores serem tecnocratas de curriculum brilhante, têm de ser também humanistas. Esta crise é o resultado de nas últimas décadas, pelo mundo fora, ter havido um forte investimento científico e técnico e muito pouco ter sido feito nas ciências sociais e humanas. Que relevo se tem dado ao discurso literário, histórico, filosófico, artístico? Que notoriedade e influência têm hoje em dia aqueles que ensinam ou reflectem sobre estes temas? Reconhece-lhes importância para dirigir?
Pois é: confiámo-nos aos gestores, aos economistas, aos engenheiros, aos matemáticos de contas absolutas. Trouxeram-nos até aqui: a este resultado, ao de uma crise absoluta.
Estamos e vamos continuar a viver um período historicamente difícil mas empolgante. Já estou preparado. Recomecei a ouvir os Supertramp!
terça-feira, 23 de setembro de 2008
século XX , século de contradições
O século XX foi um dos mais mortíferos, senão mesmo o mais mortífero século que se viveu até hoje. A subversão de países, a fome, as duas guerras mundiais, as guerras da pré e pós-descolonização, as epidemias e a perseguição política de diferentes regimes deixaram no solo mais milhões de mortos do que os que viveram em todo o mundo nalguns séculos anteriores!
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
FRAGA DOS CORVOS
Para verem mais fotos podem pesquisar os álbuns do blogue ou irem para http://picasaweb.google.com/mcardoso.mmacedo/Arqueologia2008 Até já!
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
summertime !
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Expor em Bragança
Fui colocar os quadros em Bragança, no Hospital, num fim de tarde quente de Verão, depois de um dia cheio de peripécias e de trabalho. Ainda por cima tivemos de ir de vidros abertos, o Manuel, eu e uma amiga e colega dele, porque o ar condicionado da Primera que comprámos aos primos está com uma avaria e aquece por duas das saídas enquanto arrefece por outra! O rádio também não funciona pelo que levei o MP3 ligado e fiz todo o trajecto do IP4 com música (alguém de hé vinte e cinco anos não perceberia patavina deste parágrafo!).
Esta exposição (assim como a visão de qualquer destes quadros, em casa ou em qualquer lugar) é impossível de ser compreendida sem música, excepto quando se está perante os três estudos que restam do The Doctor. Para esses recomendo silêncio. Silêncio mesmo. De certeza que ouviremos vozes dentro de nós. Quanto aos três que sobram da série de música de cantochão, é como se quiser. Posso revelar que os pintei a ouvir Rachmaninov, o concerto número 2 para piano com o segundo andamento em repeat. Enquanto preparei os tons ou resolvi as inevitáveis dificuldades, Fly, de Sarah Brightman, o álbum todo, muitas vezes. E todos os dias, sol nascido, só no sótão de Latães, luz a aumentar e a lembrar-me que a essa hora a Mariana e os filhotes estarão a acordar, em Macedo e em Lisboa, Faith Hill, imensas dela. Não se riam. Mesmo quando já ninguém ouvir Faith Hill, it will be me!
terça-feira, 15 de julho de 2008
primeira exposição individual
The Doctor, emoções I, II, III, IIII
Sir Henry Tate encomendou a Luke Fildes, em 1887, um quadro de grande realismo e intensidade emocional, grande também nas medidas (166,4 cm * 241,9 cm) e no preço (3000£). A obra ficou terminada em 1891, foi apresentada por Sir Henry Tate em 1894 e, desde então, tem sido reproduzida milhões de vezes em litografias, gravuras, selos, postais, posters, etc.
Apesar de omnipresente e vulgarizada nos estabelecimentos médicos um pouco por toda a Europa e por todo o Mundo, nem por isso perdeu a sua força. É que cada pincelada estava embebida, mais do que em óleo e pigmentos, na saudade de um filho do pintor, morto de doença uma década antes. Na tela está também, com um vigor impressionante, um preocupado reconhecimento à devoção médica do Doutor Gustav Murray, que o assistiu até à morte.
Os quatro estudos agora presentes e inspirados nesta obra de Luke Fildes, The Doctor ©Tate Gallery, não são mais do que uma expressão de emoções e propostas de perguntas. Sendo a cena original o resultado de um memory sketch de 1877, presenciado e vivido pelo pintor, qual o papel do médico nesse momento e, depois, na tela? A curar a doença, aliviar a dor, a confortar o doente e os pais? Que mais? E será que hoje…
Depois de concluir o quadro e de receber o pagamento, Luke Fildes terá comentado que teria ganho mais se entretanto tivesse estado a pintar retratos de gente rica. Ainda bem que não esteve.
Neuma est Veritas
Esta série de quadros, genericamente intitulada Neuma est Veritas (se bem que já não sejam neumas primitivos a neles figurarem mas sim a notação perene da escrita de cantochão), é um conjunto de instrumentos como se as próprias telas emitissem sons. E não emitem? Não os ouvimos mesmo tapando os ouvidos? Atravessar o tempo e o espaço. Deixar de ter os pés no chão. Perceber a verdade. Ultrapassar a mortalidade. Música!
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© Manuel Cardoso Outubro 2020 (Nota prévia: as fotos deste post não fazem justiça nem aos locais nem às cenas a que se referem ...
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