Morreu hoje no Porto, onde se encontrava internado no
Hospital da CUF, o nosso excelente Amigo Eng.º António Clemente Menéres Manso.
Homem dotado duma visão perspectiva e prospectiva sobre a agricultura e o
desenvolvimento regional, na esteira do que foi o pensamento e a acção do Eng.º
Camilo de Mendonça, a sua opinião fundamentada era ouvida, partilhada e
considerada por muitos dos que com ele tivemos o privilégio de conviver.
Nasceu em Vila Nova de Gaia em 16 de Março de 1934, filho de
Alberto António Martins Manso e de sua mulher D. Josefina Pinto dos Santos da
Fonseca Menéres, em casa de seus avós maternos.
A sua aldeia de referência era Valpereiro, concelho de Alfândega
da Fé, onde até aos dez anos de idade frequentou a escola primária e onde geria
a sua casa agrícola, permanentemente preocupado com a criação de animais em
modo de produção biológico e com a produção dum azeite de excepcional qualidade
que lhe tem vindo a grangear prémios e
reconhecimento nacional e internacional.
Estudou em Lisboa, onde se licenciou em Engenharia Agronómica
pelo Instituto Superior de Agronomia. Trabalhou para a Federação dos Grémios da
Lavoura do Nordeste Trasmontano, a partir de 1954, e no Complexo
Agro-Industrial do Cachão onde exerceu as funções, sucessivamente, de Director
do ramo Produção Pecuária, Director de Produção Industrial, Administrador
Delegado (1978) e Presidente do Conselho de Administração. Entre 22 de
Fevereiro de 1985 e 16 de Março de 1987 exerceu as funções de Director Regional
de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro. Foi dirigente associativo e
fundador de diversas organizações da lavoura. Só para citar algumas, a AOTAD, a
APITAD e o Centro de Gestão do Vale do Tua.
Foi autarca pelo CDS, tendo sido vereador da Câmara Municipal
de Alfândega da Fé entre 1989 e 1993. Já tinha sido também Vice-Presidente da
Câmara Municipal de Mirandela entre 1969 e 1972.
Deixou obra escrita, nomeadamente sobre ovinicultura,
comercialização de azeite e produção de leite. Mais recentemente dedicava-se a
investigação sobre a vida e a obra do Eng.º Camilo de Mendonça, tendo publicado
este ano “Eng.º Camilo de Mendonça e o desenvolvimento do Nordeste de Portugal”.
http://mdb.pt/opiniao/camilo-de-mendonca
.
A agricultura do Nordeste e em especial a de Alfândega da Fé
fica a dever-lhe uma paciente e persistente acção a seu favor, de que destacamos
o seu papel inspirador e motivador para a manutenção, renovação e ampliação das
redes de rega.
Ultimamente repartia o seu tempo entre Mirandela e
Valpereiro, mantendo-se actualizado e informado em termos científicos e técnicos
nos seus temas de interesse. Recordaremos sempre o seu fino sentido de humor e
ficam-nos, inesquecíveis, muitos momentos que partilhámos, inclusive na véspera
da sua morte.
Latães, 01.10.2017
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